segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sobre o que é necessário pra viver.

Passar a vida num só lugar faz a gente criar raízes e é bom. Além disso, pode-se muito bem ser muito feliz assim. Mas a verdade é que precisa-se de muito pouco pra viver feliz. E a minha felicidade certamente é diferente da sua. Quanto mais nos focamos no nosso mundo e desconhecemos outras realidades, mais presos ficamos. No horário pro trabalho. Naquela aprovação. Na obrigação de se obter sucesso. Na imposição do roteiro estabelecido de felicidade. "Nasce. Cresce. Forma-se na faculdade. Casa. Tem filhos..."
Outono chegando em Saint-Étienne



Veja bem, não estou dizendo que é impossível ser feliz desse jeito. Estou dizendo que não é fácil seguir o roteiro. Mesmo que você o queira. E que ainda é mais difícil seguir o roteiro se você não o quiser.
A preocupação em "dar certo" é o problema. Porque o que todo mundo quer é ser feliz. Só que os meios diferem tanto e tem tanta gente querendo a mesma coisa.

Raízes e roteiro, e mais ainda o apego, fazem a gente ficar ansioso. A gente pode viver bem e feliz sem quase tudo que a gente dá imensa importância. Porque a adaptação esta aí pra isso. E mais da metade das coisas que a gente pensa que é o fim do mundo, nem é. E se resolve. Simplesmente porque passa. Porque se tudo deu (esta dando) errado, a vida (Deus/destino/insira aqui a sua crença) pode lhe surpreender.

Eu não sei se vou ficar aqui apenas 6 meses. Ou se vou pra faculdade e fico um ano. Ou conseguirei o estágio e ficarei um ano e meio. Não faço a menor ideia do acontecerá com a minha vida profissional, e até mesmo pessoal, quando eu voltar. Quero muito ficar, mas a verdade é que se fosse pra voltar hoje voltaria feliz. Porque tudo iria se resolver de alguma forma. E como o texto é do que a gente precisa pra viver... Eu não sei pra você, mas o que eu preciso pra viver é ser feliz. E felicidade pra mim consiste em Deus (porque eu acredito imensamente Nele e em todos os Seus planos), amar e ser amada, paz de espírito e nunca perder essa ânsia por saber, mesmo que bem pouco, um pouco de tudo. O restante de felicidade esta em cada esquina. E espero não estar sempre ocupada ou preocupada demais pra enxergar. Além disso, se tudo der errado meeesmo, eu abro um salão de beleza na Côte d'Azur. ;)

O que é realmente necessário pra você viver?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ciclos.

Não é uma fase de fechamento de ciclos na minha vida. Ainda não. Porque tomei uma decisão, meti a cara, e cheguei. Tô aqui. Vivendo e aproveitando o que posso aproveitar. Mas sei que será doloroso voltar... Ao mesmo tempo que será maravilhoso começar a próxima etapa. Paradoxal assim... Mas li esse texto num blog agora há pouco, de uma pessoa que admiro bastante e que terminou o seu casamento, e estou aqui pensando sobre como é muito importante sim fechar os ciclos e seguir. Como todo fim que é doloroso, mas não necessariamente ruim, fica só a lembrança que a vida é curta e que é muito importante viver, sentir, permitir-se, tudo que há pra ser vivido. Não sei de quem é o texto. Desculpem. Lá vai...

“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistimos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.  Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que sentem-se culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.  

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.  Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. 

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto as vezes ganhamos, e as vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o está apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do momento ideal. 

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, não voltará. Lembre-se que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. 

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.”

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Reflexões. :)

 Voltei pra casa feliz e com vontade de escrever. (Post longo, já entendeu né?)

 Primeiro andava muito desanimada com o francês. Sério, amanhã farão quatro semanas. (Pausa pra reler essa frase e 'realizar'). E não parecem quatro semanas. Parece que cheguei ontem!
Eu poderia dizer que esta sendo muito mais difícil do que o que realmente esta. Mais a principal dificuldade é mesmo o francês. Acho que minha adaptação aqui para todo o restante foi relativamente bem mais fácil do que imaginei que seria. O diretor do nosso centro facilitou muitas coisas em relação a documentos. Os franceses, pelo menos aqui em St-Étienne, são MUITO mais gentis e amigáveis do que imaginei que seriam. E tudo continua sendo uma correria. E muita novidade. O que ocupa a mente, logo não fico lembrando toda hora da imensa saudade de tudo que há de bom em casa.

 Voltando... (Foco) O francês me preocupa. É uma língua difícil, nada fácil como o inglês e cheia de regras estranhas. Imagino que seja como o aprender português para um estrangeiro. Conjugação de verbos é minha maior dificuldade. Então andava voltando pra casa com a sensação de ser uma criança, porque vim pra cá sem saber falar absolutamente nada, e tinha que aprender o básico do que há de mais básico.

 Então eis que hoje me surge uma aula interessante para aprimorar uma das quatro competências necessárias (e testadas no DELF) para se ingressar na faculdade: Produção Escrita. E a professora nos falou logo que vai trabalhar num nível alto, B1, que é o mínimo exigido para se entrar na faculdade, e que precisamos correr com isso... A aula se resumiu sobre falar sobre política, conhecer e entender algumas expressões, introdução, desenvolvimento e conclusão de textos. E eu não sei como consegui compreender tudo que ela disse. Ou que me era requisitado nos exercícios. Mas compreendi. E fiz. (Alguns erros, o que ajuda no aprendizado). E voltei pra casa me sentindo adulta. HAHAHA Estranho, mas o que uma redação (Tá, uma coisa bem mais básica e mais parecida com a estrutura de uma redação) não faz com uma pessoa? É que no Brasil estou acostumada a forçar a minha mente e a produzir coisas de níveis mais altos que aqui. Aqui eu forço bastante, mas de uma forma diferente, e não estimuladora sabe? E fiquei feliz com essa nova abordagem. Espero que continue assim. :)

 Seguindo... Chego em casa e visualizo a foto que postei quando estava dentro do avião. Com toda a adrenalina no corpo, e o medo/excitação com o desconhecido. Nostalgia. Mas de uma forma boa. Nunca me senti nostálgica de uma forma boa (pelo menos não que me lembre), sempre fico um pouquinho triste. Dessa vez, vi que nada é o bicho de sete cabeças que se imagina. Não tive (nem tenho) o medo de viver as experiências que vivi (e viverei) aqui. Tinha receio das coisas básicas. Lavar a roupa. Caminhar na rua. Falar. Eu sabia que seria ótimo, porque tinha (e tenho) a certeza de que Deus me quer aqui, mas estar aqui vivendo há um mês já te dá a sensação de que não é como você imagina, que é mais simples, e ao mesmo tempo tudo igual (isso ficou completamente confuso agora). É igual porque eu sabia que seria assim, que me adaptaria. É diferente porque nunca vivi. E hoje eu sei. Não há aquela sensação de deslumbramento: "Oh Meu Deus, saí do Brasil, isso é assim, aquilo é assado". Uma amiga aqui disse: "Eu achei que até o ar seria diferente! É tudo tão igual." No fim das contas, é todo mundo gente, bem diferente, mas com a mesma essência. Trabalhar, comer, estudar, se divertir, dormir. Viver.

 Resumindo... Fico feliz por tudo. Porque eu não passo de alguém que esta realizando um sonho de uma forma natural sabe? Tô estudando. E ao mesmo tempo vivendo outra cultura. Tendo dificuldades. Tendo surpresas. Alegrias. Saudades. Nostalgia. Vivendo. E há felicidade maior do que viver?

 Que continue sendo o que Deus quiser que seja. ;)
 Au revoir.